Depois de ter investido vários milhões de euros este ano em projetos inovadores na área da energia e sustentabilidade, a KIC InnoEnergia vai novamente abrir candidaturas para apoio financeiro a projetos empreendedores nesta área. É já em janeiro.
“Um sector de energia verdadeiramente sustentável necessita de novos produtos, novas soluções e novos serviços” e é à luz desta convicção que Diego Pavia, CEO da KIC InnoEnergy, a organização cuja missão é dinamizar a inovação na área da energia sustentável a nível europeu, tem vindo a apoiar a concretização de propostas de inovação de empreendedores portugueses. Depois da última iniciativa lançada este ano, a KIC InnoEnergy prepara agora uma nova call para propostas de inovação que decorrerá. As candidaturas abrem já no próximo mês. De 15 de janeiro a 4 de abril de 2016, os mentores de projetos de inovação na área da energia sustentável poderão candidatar-se a um apoio financeiro por parte da KIC InnoEnergy.
À última call lançada pela organização em Portugal responderam 28 empreendedores e empresas nacionais nacionais (entre as quais a EDP, Vestas-Mitsubishi, Galp ou Schneider Electric), que apresentaram as suas propostas.
Diego Pavia traça um balanço positivo da iniciativa que acabou por selecionar seis projetos para financiamento, dois dos quais liderados por empresas – Galp e EDP – que, explica o CEO, “estão a trabalhar em tópicos tão interessantes como a captação, transporte e armazenamento de carbono e a energia eólica em deep offshore”. O montante de financiamento disponível para cada uma das propostas que venham a ser selecionadas na call que a organização irá lançar em janeiro dependerá, como explica Diego Pavia, “das necessidades específicas de cada projeto”. Mas tipicamente, assegura, o montante disponibilizado varia entre um e sete milhões de euros, com uma média de financiamento por projeto a rondar os 2,5 milhões de euros. “O factor mais decisivo para que um projeto seja selecionado é o impacto na sustentabilidade do sector da energia”, explica o CEO da KIC InnoEnergy adiantando que a organização mede esse impacto em termos de “redução do custo da energia, da segurança na utilização na cadeia de valor e/ou da redução das emissões de gases que provocam efeito de estufa”. Diego Pavia aponta também como relevante e decisivo na avaliação dos projetos “o impacto socioeconómico, que é medido em termos de criação de postos de trabalho e em retorno financeiro do projeto”, bem como o seu factor exequibilidade enquanto negocio e a gestão de risco.
Áreas como as tecnologias não poluentes de carvão e gás, armazenamento de energia, medidas de eficiência energética, energia de combustíveis fósseis, energias renováveis, smart cities e construção sustentável, redes inteligentes de energia (smart grids) ou projetos de convergência entre energia nuclear e energias renováveis, são candidatos elegíveis na iniciativa da KIC InnoEnergy. Após avaliada a sua exequibilidade é realizada uma primeira avaliação dos projetos por parte de um dos seis comités temáticos compostos por especialistas nas respetivas áreas. “As melhores propostas de cada temática serão depois conjuntamente avaliadas por um comité da KIC InnoEnergy composto por especialistas dos respetivos sectores, que as classificam num ranking. Este ranking será a base da decisão de que projetos devem ser apoiados”, esclarece o CEO.
Na call que arranca em janeiro, a KIC InnoEnergy procura projetos propostos por empresas focadas em desenvolver e comercializar produtos ou serviços inovadores que visem pelo menos um dos vários objetivos da iniciativa: reduzir custos energéticos, aumentar a segurança em relação a fontes de abastecimento, aumentar a segurança operacional e a fiabilidade no sector e reduzir as emissões de gases responsáveis pelos efeitos de estufa. “Os projetos deverão ser baseados em esforços de investigação e desenvolvimento que tenham levado pelo menos a uma prova de conceito bem sucedida em ambiente laboratorial”, explica. Diego Pavia entende como determinante que as propostas que venham a ser apresentadas para financiamento, representem uma oportunidade de negócio credível em que a entidade comercializadora seja parte do consórcio do projeto, que deve ser internacional e constituído por três a sete organizações europeias, representantes dos atores mais relevantes na cadeia de valor do projeto em questão.
Desde 2011, mais de 160 parceiros europeus participaram no projeto da KIC InnoEnergy que já investiu mais de 100 milhões de euros no desenvolvimento de cerca de 70 produtos e serviços inovadores, cujas estimativas de vendas rondam os três mil milhões de euros. Vinte e quatro desses produtos foram adotados pelo sector e segundo Diego Paiva, “foram já construída três linhas de produção industrial e registadas 59 patentes”. Um percurso que exige “competência técnica, capacidade comercial e acesso a uma variedade de recursos” para que os projetos se tornem vendáveis.
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