Está disponível o primeiro estudo sobre scaleups tecnológicas portuguesas, ou seja, jovens empresas que, segundo o Startup Europe Partnership (SEP) obtiveram financiamento superior a um milhão de dólares desde a sua fundação, e tiveram pelo menos um momento de financiamento nos últimos cinco anos.
A iniciativa, levada a cabo pela SEP em conjunto com o CrESIT, com o apoio da Microsoft Portugal e do seu programa Ativar Portugal Startups, identificou 40 scaleups no nosso país. Este conjunto de empresas atraiu mais de 156 milhões de euros de financiamento de venture capitals e na sua maioria estão localizadas em Lisboa (42%). Estas scaleups são responsáveis pela atração de cerca de 60% do financiamento total. O Porto tem 28% destas empresas e as restantes estão espalhadas por todo o País.
A iniciativa, levada a cabo pela SEP em conjunto com o CrESIT, com o apoio da Microsoft Portugal e do seu programa Ativar Portugal Startups, identificou 40 scaleups no nosso país. Este conjunto de empresas atraiu mais de 156 milhões de euros de financiamento de venture capitals e na sua maioria estão localizadas em Lisboa (42%). Estas scaleups são responsáveis pela atração de cerca de 60% do financiamento total. O Porto tem 28% destas empresas e as restantes estão espalhadas por todo o País.
O estudo SEP Monitor apresentado revela que, embora esteja a recuperar de uma crise económica e financeira, Portugal está a marcar fortemente o seu território no mapa europeu de startups, com uma comunidade de empreendedores capazes de produzir resultados tangíveis. Apesar de ainda não ser possível comparar a realidade portuguesa com a de outros países analisados pelo SEP (Alemanha, França e Reino Unido), Portugal tem muitas
semelhanças – e uma pequena diferença – com Espanha e, em especial, com Itália.
O SEP identificou e analisou 40 scaleups que em conjunto já angariaram mais de 156 milhões de euros junto de venture capitals, ou seja, cerca de quatro milhões de euros em
média, por cada uma.
Alberto Onetti, coordenador do SEP, admitiu que por altura do SEP Matching Event em Junho, encontraram em Lisboa «uma comunidade de empreendedores muito vibrante», que está a crescer rapidamente. «Se estes números forem contabilizados proporcionalmente à dimensão do PIB, a capacidade de Portugal criar scaleups é bastante notável», reconheceu o responsável.
Para perceber a importância destes dados, há que ter em conta a juventude do ecossistema português de startups: 65% das scaleups portuguesas receberam financiamento nos últimos dois anos (a maioria delas, já este ano) e 75% nasceram depois de 2010 (e 48% depois de 2012). Além disso, Portugal é uma economia pequena, quando comparada com os outros países analisados (o PIB português é 16 vezes menor que o alemão, 12 vezes menor que o inglês ou francês, nove vezes inferior ao de Itália e seis vezes ao de Espanha).
Do estudo conclui-se também que 24 startups atraíram financiamento entre 500 mil e um milhão de dólares, o que significa que são candidatas a scaleups num futuro imediato.
Na angariação de capitais, as scaleups médias lideram, com quatro a assegurar 56% do total.
Neste ponto, o SEP conclui que o cenário português é muito semelhante ao italiano, onde dominam as pequenas scaleups. A grande maioria das startups portuguesas (90%) que conseguiram angariar financiamento nos últimos anos asseguraram valores entre um milhão e 10 milhões de dólares, o que representa 44% do valor total. Além destas, 8% angariaram entre 20 e 50 milhões de dólares, ou seja, 48% do valor total, e 2% financiaram-se entre 10 a 20 milhões de dólares. Isto prova que mais de 50% do financiamento assegurado pelas scaleups
portuguesas ficou concentrado nas empresas de dimensão média (entre 10 e 50 milhões de
dólares). Ainda não foi identificado qualquer empresa unicórnio/scaler, ou seja, uma startup que tenha angariado mais de 100 milhões de dólares de financiamento. No entanto,
um dos exemplos europeus tem origem portuguesa e dá pelo nome de Farfetch, empresa fundada em 2008 pelo empreendedor português José Neves. A sede da empresa está em Londres, mas a maioria das operações está no Porto, onde emprega mais de 1.000 pessoas. Em cinco rondas, a Farfetch angariou mais de 195 milhões de dólares (183 milhões de euros).
Internacionalização é para todos
Todas as scaleups portuguesas tiveram os seus processos de fusão/aquisição internacionalmente. O estudo do SEP identificou nove fusões/aquisições, com uma média de duas transações por ano nos últimos quatro anos (3, 1, 2 e 3 aquisições, respetivamente, em 2012, 2013, 2014 e 2015). Este número é 10 vezes mais pequeno que a média dos cinco países da União Europeia analisados, e ainda longe dos dois países mediterrânicos (Itália conta com 30 fusões/aquisições, enquanto Espanha regista 39).
Estes dados indicam que o ecossistema português de startups tem boas relações internacionais, mas o mercado interno ainda não explora a oportunidade de investir em startups.
A larga maioria dos negócios neste âmbito(66%) foi concretizada com empresas norte-americanas, 22% com empresas europeias (oriundas de Espanha e Reino Unido) e nenhum por organizações portuguesas. Houve uma compra por uma empresa sul-africana (a Naspers).
Tal como acontece noutros países, há várias scaleups que nasceram em Portugal mas foi fora das suas fronteiras que cresceram. Ou seja, deslocalizaram a sua sede – e parte da sua cadeia de valor – para outro país, mas mantêm forte presença operacional e tecnológica no país de origem. Exemplos desta realidade são a Feedzai ou a Talkdesk, que mudaram a sede para os EUA onde angariaram novas rondas de investimento junto de investidores americanos.
Outros exemplos são a Veniam (fundada no Porto em 2012, agora com sede em Mountain View mas com os seus laboratórios em Portugal), a Unbabel (fundada em 2013 em Lisboa, hoje com sede em S. Francisco e equipa de engenharia em Portugal) ou a Musikki (lançada em 2011 em Aveiro, agora baseada em Londres e com operações no Porto).
De acordo com Caroline Phillips, diretora da área de apoio ao empreendedorismo e
desenvolvimento na Microsoft Portugal, «este estudo vem confirmar que as scaleups portuguesas se estão a transformar em empresas capazes de competir à escala mundial e a estimular o crescimento económico».
Os Hubs e os sectores preferenciais
Lisboa e Porto lideram as preferências dos empreendedores. É em Lisboa que se localizam 17 das scaleups portuguesas (42% do total) e acedem à maioria do venture capital (cerca de 60% do valor total). No Porto encontram-se 11 scaleups (28%), o que o torna o segundo hub do País. As restantes scaleups localizam-se de norte a sul do País, registando-se uma forte concentração na zona do Porto e Braga.
Nas áreas tecnológicas, as de Software Solutions, Business Analytics e Saúde lideram o mercado. A grande maioria das scaleups identificadas em Portugal atuam nestas áreas,
seguindo-se as de educação, serviços empresariais, turismo e mobile. De acordo com o estudo, outras áreas como digital media ou moda ocupam 5% destas scaleups.
O SEP categoriza as empresas tecnológicas de acordo com o capital angariado, como:
Startup: angariou menos de um milhão de dólares desde a sua fundação, e teve pelo menos um momento de financiamento nos últimos cinco anos.
Scaleup: angariou mais de um milhão de dólares desde a sua fundação, e teve pelo menos um momento de financiamento nos últimos cinco anos.
Unicórnio/Scaler: angariou mais de cem milhões de dólares desde a sua fundação, e teve pelo menos um momento de financiamento nos últimos cinco anos.
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